A princípio não parecia real. Era só um artifício para caracterizar a personagem principal de um romance. Ela andava pelo meio fio, um daqueles estreitos, tentando equilibrar-se. Como criança. A garagem. Vem a imagem de sua vó.
O lugar à mesa vazio, ou ocupado por uma outra pessoa qualquer, marcava a ausência. Dificil materializar a morte. Era uma falta, uma lacuna. Um lugar tão completamente outro sem ela. Andava pelo meio fio como criança, mas sentia-se adulta. Pela primeira vez adulta.
Adulta. Faltava. Aquela não era a mesma casa, não era a mesma cidade, a mesma rotina que por muitas vezes não quisera viver. Andava no meio fio e descobria o quanto amava esses momentos. Essas visitas, essa pessoa que agora era a ausência.
Lágrimas discretas. Um sentimento de.... um sentimento que não saberia explicar. Imagem do enterro. De seu semblante tranquilo. Nunca tinha entendido quando da morte falavam tranquilidade. Talvez agora entendia.
E podia continuar andando pelo meio fio. Mesmo com aquela ausência, que as poucos se transformava em saudades. Porque a sentia dentro de si. Algo de sua vó pulsava dentro dela e ela podia equilibrar-se novamente no meio fio...
janeiro de 2007
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