Riu-se. Um dia tinha desacreditado que podia viver isso. Talvez por ter tanto desejado e esperado. Esperou ser feliz, ouvir palavras sussurradas ao pé do ouvido. Desejou um beijo, um abraço. Sem saber o que era isso o que desacreditava. Riu-se por descobrir que o amor era mais. Era mais do que só os risos, as danças, os beijos, as certezas.
Entre as suas mãos dadas às do outro existia um mundo dado. Um mundo de perguntas e dúvidas, de respostas e certezas. De risos e lágrimas. De beijos e de despedidas. De telefonemas esperados, queridos, inesperados. De costumes e medos. De momentos inesquecíveis, alguns até que queria esquecer. De imprevistos.
E de se entregar. E de se entregar corria o risco de mostrar e de ver todos os seus lados, os seus medos, o seu melhor e o seu pior. E foi aí que ela descobriu que era um constante risco, mesmo com quase dois anos, mesmo com a beleza que ela tinha achado na tranquilidade. O risco de viver, de dividir, o risco de ser sem nenhuma máscara. E aquele rico era uma escolha, era também uma possibilidade de ser feliz.
E o amor ia assim, brincando com ela, ela brincando com o amor. Entre rabiscos, pinturas, giz de cera... Colorindo-se em um acordo noturno sobre os cobertores. Um almoço gostoso no domingo. Num saber não estar mais sozinha. Por ter forças. É claro, também nos beijos, abraços, momentos de êxtase. Mas acima de tudo nas mãos dadas. Onde dois mundos dão as mãos.
O amor se constrói talvez nos paradoxos.E por ser assim, nem sempre certo, nem sempre seguro. Por ser assim, risco. Ela sorria, e era tão doce sorrir.
2010
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