sexta-feira, 25 de maio de 2012

como cinco irmãos.

mãos dadas. lhe haviam dito uma vez que os amigos eram irmãos que a gente escolhia. talvez tivesse achado um pouco piegas. mas olhou discretamente para trás e descobriu que a amizade era assim como imaginava que talvez fossem dois irmãos. ou mais irmãos. e foi diretamente pensar em cinco irmãos que ela tinha. agora assim, meio espalhados nessa tal de vida adulta. ela, no meio de engenheiros e médicos. ela meio assim artista (tentando ser o que sabe-se lá o que é um artista). ela e a outra, também artista.
lembrou-se como foi o caminho até lá. das tais das voltas que o mundo dá. e não só as literais dos movimentos da terra em volta do sol e ao redor de si mesma (desses, por mais que tentasse não conseguia lembrar os nomes).
esses irmãos nasceram assim de uma época na qual ela teimava em não fazer escova. da mesma maneira que hoje continuava sendo chato esperar o cabelo secar com o secador, para não dormir de cabelo molhado. tarefa que acaba de abandonar para escrever.

ela perdida, eles ali. meio tímidos se aproximaram (ela e eles).
lhe perguntaram se podiam riscar no gesso de seu braço quebrado.
ela deixou.
lhe convidaram a sentar. ela se aproximou.
lhe sorriram. ela abraçou.

parecia então o tal do final feliz. talvez fosse apenas o começo.
escolhas. ideias. diferenças.
duas artistas, duas engenheiras, uma contadora, um médico.
as artistas fizeram ballet. as engenheiras fizeram poli. a contadora casou. e o médico sumiu.
a atriz foi ensaiar aos domingos. a radialista tem os finais de semana loucos. uma engenheira foi fazer mestrado, a outra estagiar na construção. a contadora foi se deliciar na culinária. o médico? sumiu!

e dessas escolhas surgiram caminhos e curvas. e outras escolhas.
e nem sempre tudo foi fácil.

a atriz, mais conhecida como eu lírico desse texto, as vezes sentiu algumas mudanças. (com certeza as outras também sentiram, mas o eu lírico desse texto não é onipresente). chorou algumas escolhas, negou alguns desencontros. achou que era demais.

e de repente se viu ali. no meio deles. sem timidez e sem dúvidas. certa do como era bom sentí-los por perto. e do como, depois dessas voltas, os sentia mais perto.

elas se encontram no próximo sábado. ele respondeu um email
nada apaga os anos de convivência diária.
nada apaga o cuidado que queria ter com cada um.
nada diminui o amor e o carinho.

nem mesmos as diferenças sustentam os rótulos.

são confidentes como dois irmãos. ou cinco.

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