O relógio da estação denunciava: 18h15. Era cedo. O tal relógio denunciava que era cedo. No trem, o seu silêncio lhe dizia: aula, dança... falta de ânimo. E, talvez até por ironia, ela ia de costas no trem. De costas e sempre prestando atenção nas estações que se seguiam (para frente). Um menino coçava o nariz, ali do lado uma moça lia o jornal, do outro uma senhora tricotava. Alguém falava feliz com o filho pelo celular. E ela? Ela ia de costas no trem. E escrevia.
Escrevia e pensava. Quase torturava-se. Desanimava-se. Como faria para seguir aquilo que era (para ela) o ideal de uma professora? Pensava na dificuldade. Ou melhor, nas dificuldades. A instituição escolar, a instituição educação. E a sua dificuldade, ela.
Estação São Caetano. "Faltam poucas estações". E muitas as palavras ainda a serem escritas. Desânimo novamente. Mas... Riu-se. E aqui, pediu desculpas e permissão para ser piegas. Mesmo com a vontade de desistir, algo dentro dela pulsava. Não sabia ao certo se potência ou crença. Talvez uma mistura destas. A idéia da troca de experiências em uma sala de aula ainda pulsava dentro dela.
E pediu novamente licença, dessa vez para escrever em primeira pessoa. Porque eu não sei ao certo o que eu quero dizer ao mundo, mas sei que o encontro, a experiência e a troca ainda me seduzem e instigam. Ou melhor, pulsam. Tanto na educação quanto no teatro.
"E riu-se novamente por achar que tinha sido piegas"